Termo “Violência Obstétrica”, existe?
Nota de repúdio ao despacho do Ministério da Saúde sobre o termo Violência Obstétrica em 03/05/2019.
Essa semana o Ministério da Saúde por meio de um despacho afirmou que o TERMO Violência Obstétrica deveria ser abolido, pois não agrega valor.
.
Em que pese posicionamento absurdo, como mulher, feminista, defensora dos direitos humanos e principalmente dos direito das mulheres, considerando ainda o mês das mães, sinto no dever de manifestar-me acerca do assunto.
.
Pesquisas, MUNDIAIS, apontam que o maior autor da violência Obsterica é o médico obstétrico, em postagens anteriores já me manifestei acerca da definição do termo, assim como diversas pesquisas científicas, o próprio CNJ, OMS já trouxeram à baila essa definição, comprovando que não se trata apenas de uma denominação aleatoriamente escolhida, careceu estudo e evidências práticas e científicas, e que independe da intenção de causar o dano a violência durante o ciclo gravídico-puerperal EXISTE.
.
Cumpre ainda lembrar que violência obstétrica é violência de gênero, faz parte da luta da mulher por sua autonomia, em reconquistar seus direitos, e ter voz, ainda que para relatar sofrimento, em momento único e sublime de sua vida: o parto e a gestação.
.
A indústria farmacêutica não apoia o movimento de humanização do parto, as cirurgias geram MUITO mais renda, processos de intervenção, medicalização, nem se fala!
.
Observando até aqui além de outras condicionantes, de fato a violência obstétrica não agrega valor algum para quem nunca #sofreu ou foi vítima, e principalmente pra quem é autor do fato.
.
Apenas cerca de 5% dos partos normais no Brasil estão livres de violência (Fiocruz- Nascer Brasil)
.
Por fim, a abolição do termo, pelo ministério da saúde, é mais uma tentativa de deslegitimar a luta das mulheres, e legitimar a atuação violenta e desrespeitosa que vivemos hoje em nosso país, inclusive durante o parto.
.
Interrogue algumas mulheres, quando se fala em engravidar e ter filhos, qual o maior medo delas?! Não se surpreenda se a resposta for o parto! Algo deve está errado!
.
O que essas mulheres têm medo é da realidade VIOLENTA sendo legitimada todos os dias, inclusive com esse despacho, como padrão NORMAL de parto, que se arrasta silenciosamente por anos e anos e somente agora tem conseguido em passos lento ter voz e alcançar alguns espaços, portanto, VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA existe, e à quem incomodar, respeite e não pratique, ainda que sem intenção.
1 Comentário
Faça um comentário construtivo para esse documento.
É decepcionante ver como o avanço contra "costumes" violentos é tão lento, enquanto o retrocesso chega em um piscar de olhos. Ao me deparar com um post no Facebook sobre esse despacho eu desacreditei e fui confirmar e isso é realmente um absurdo. continuar lendo